segunda-feira, 2 de maio de 2011

As dores do mundo

Quando eu vejo uma pessoa que respira moda defender o uso das peles como desculpa pra usar, pois acha bonito e chique, dizendo que temos que nos preocupar com crianças e não com animais (como disse Carlos Miele e Ana Clara Garmêndia aqui), eu me pergunto: o que essas pessoas acrescentam ao mundo (fora a moda), senão um discurso fútil e vazio?

Sim, o mundo é cheio de problemas de todos os portes. E argumentar que se pode fazer uma “coisa ruim” em detrimento de outra pior, realmente não é plausível.

“Torturamos e assassinamos animais por luxo, pois existe o trabalho escravo infantil, que é muito pior” ou “torturamos e matamos animais para dar empregos às famílias”, como se empresas fossem ONGs boazinhas e como se não existisse outra forma de obter lucro e beleza nas peças.

E ontem eu ouvi de uma pessoa que conhece o mercado de carne bovina, e já visitou abatedouros legais, que muitos bois são sim escapelados vivos, que os “animais humanos” não perdem tempo esperando eles morrerem (por tiro, sangria ou choque) para começar a tirar o couro. E aí? Sua bolsa não lhe lembra um animal sofrendo? Será que você não está segurando um cadáver que há pouco foi torturado?

E as lagostas, que são cozidas em água borbulhante ainda vivas? E o patê de foie gras, chiquérrimo, que é o cancêr de fígado do ganso induzido por entupimento de comida? É gostoso comer uma doença?

E se eu falar de humanos, seria mais sensível da minha parte? E o bebê de dias abandonado numa caixa na rua, na chuva? Toca mais?

Cadê os sentimentos das pessoas? Será que só temos o auto-sentimento e no meu mundinho cor-de-rosa isso não entra? Será que nunca vamos nos colocar no lugar de outro ser vivo e pensar no que ele está sentindo? Será que somos tão egoístas assim, ou somos burros?

Queria absorver menos e ignorar mais (ser ignorante) várias coisas que vi e aprendi. Mas como é impossível "ligar" o I don´t care (pra não dizer um palavrão)!

Não sou politicamente correta, nem ecochata, muito menos perfeita em tudo que faço e consumo e em minhas atitudes. Meu problema é sentir o mundo demais. Como se eu pudesse fazer muito por ele…

sra

Um comentário:

Joyce disse...

Mari, achei seu post perfeito. Eu não fui a palestra do Miele porque eu já sabia deste discurso imbecil dele. Não estava afim de ser convidada a me retirar pelos seguranças. É revoltate como as pessoas usam os animais e sem a mínima preocupação com o sofrimento dos mesmos. Uma pessoa que tem o sangue frio (pior, se diverte) de tirar a pele de um animal vivo não vai ter serimônias de matar outro humano, de abandonar e torturar tb. Quem tem valor pela vida respeita todo tipo de vida até mesmo vegetal.